Um levantamento do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo apontou que quase 50% dos brasileiros que querem adotar crianças rejeitam aquelas filhas de portadores do HIV, segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo. Contudo, há também muitas pessoas que não se importam com a sorologia da criança.
O Grupo de Educação e Prevenção Contra Aids em Sorocaba (Gepaso) já intermediou a adoção de 15 menores órfãos e portadoras do HIV.
Maria Lucila Magno, coordenadora do grupo, explica que a pessoa tem que estar disposta, por exemplo, a ajudar o filho quando ele sofrer algum tipo de discriminação. “Se uma criança órfã precisa de pais, uma órfã com aids precisa ainda mais”, comenta.
Ela ressalta, no entanto, que o preconceito ainda é forte. “As pessoas geralmente querem adotar crianças novas, loiras e saudáveis”, contou.
Na cidade de São Paulo, a Casa Siloé e os Lares Suzanne e Vitória – exclusivos para crianças e adolescentes com HIV e aids – também fazem concessões de adoção. “Mas damos prioridade para familiares ou para alguém que já seja do convívio da criança”, diz Padre Valeriano Paitoni, coordenador das casas. “A adaptação se torna mais fácil”, justifica.
No ano passado, Cristina Gerez deu seu testemunho durante palestra sobre o assunto no Rio de Janeiro. Ela tinha acabado de adotar um menino de um ano e cinco meses que apresentava anticorpos ao HIV. “A única diferença em ter um filho com aids é ter que administrar os remédios. Atenção e afeto são necessários para qualquer criança”, disse. “Já que decidi adotar, por não querer ficar grávida, optei por uma criança que precisasse um pouco mais de mim do que a outras”, acrescentou.
A condição sorológica para o HIV também não teve importância, no início dos anos 90, para Sônia e Sérgio Cortopassi quando decidiram adotar a pequena Sheila. A história da garota ganhou notoriedade nacional, quando ela foi proibida de frequentar a escola particular que estudava por ser portadora do vírus da aids.
Os pais de Sheila conseguiram na justiça o direito dela estudar no colégio que a recusou, e iniciaram um movimento contra essa forma de discriminação. Em 1993, a menina morreu em decorrência da doença aos 7 anos, mas se tornou um marco na luta contra o preconceito e discriminação das pessoas vivendo com HIV e AIDS.
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