A Polícia Civil indiciou nove suspeitos de negociar crianças em Passo Fundo, no norte do Estado. Os inquéritos foram remetidos ontem ao Ministério Público. Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o crime tem pena de um a quatro anos de prisão.
Em janeiro, foram registrados dois casos no município em menos de uma semana. No primeiro, uma jovem de 22 anos teria forjado a gravidez e comprado um bebê por R$ 50 de um casal usuário de crack. No outro, um casal de empresários gaúchos radicado na Bahia teria oferecido R$ 6 mil para levar um recém-nascido para o nordeste.
No caso da negociação de um bebê por R$ 50, o delegado Gilberto Mutti Dumke disse ter indiciado a mãe biológica, o padrasto, a jovem que teria comprado o bebê e um amigo dela que teria ajudado a intermediar o negócio.
Segundo ele, o amigo da jovem teria feito contatos telefônicos com o padrasto e dado carona à amiga na hora de buscar a criança. O delegado esclarece que não foi comprovado que o padrasto seria o pai biológico do bebê, pois não constava na certidão de nascimento.
De acordo com Mutti Dumke, foi feita uma acareação entre a mãe biológica e a jovem que teria comprado a criança, que teria entrado em contradição. A mãe biológica negou ter conhecimento da negociação, apesar de o padrasto ter revelado que fez a entrega com o consentimento dela.
— Foi comprovada a entrega de R$ 50 ao padrasto como recompensa, o que caracteriza o negócio — destaca o delegado.
Quanto à tentativa de compra de um bebê por R$ 6 mil, a Polícia Civil indiciou cinco pessoas: duas mulheres e um advogado, que teriam intermediado o negócio e permanecem recolhidas ao Presídio de Passo Fundo, e o casal de empresários gaúchos radicado na Bahia, que permanece foragido.
As duas mulheres também foram indiciadas por surpressão de documentos. O delegado Gilberto Mutti Dumke revela que apesar do relatório parcial enviado ao Ministério Público, ainda seguem as diligências para aprofundar a participação de mais pessoas e outros crimes.
— Há suspeita de outras negociações envolvendo crianças no município e a investigação prossegue — destaca.
Na época, a mãe biológica não quis se identificar e revelou que a gravidez era inesperada. Por isso, ela e o marido de 23 anos decidiram encaminhar a criança à adoção. Após buscar informações sobre como proceder, o casal encontrou duas mulheres dispostas a ajudar e revelou que as conhecia de vista.
Conforme a mãe, o primeiro contato com o casal baiano surgiu aos sete meses de gravidez. A intenção seria adoção, mas após o nascimento da criança a jovem se arrependeu e recuou. Então, teria recebido ligações e mensagens via celular propondo o negócio.
No início, teria sido pedido à ela que estipulasse um valor para entregar a filha. Em seguida, houve a proposta de R$ 6 mil, sendo R$ 3 mil à vista e o restante algumas semanas depois. Como ajudou a polícia, a mãe biológica não foi responsabilizada criminalmente.
FONTE: ZERO HORA
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